Por Bruno Martelli Mazzo
09/04/2025
O recente “tarifaço” anunciado pelo presidente Donald Trump em abril de 2025 caiu como um balde de água fria para o setor agroexportador brasileiro — especialmente para os produtores e indústrias ligadas ao suco de laranja. O governo dos Estados Unidos impôs uma taxa adicional de 25% sobre as importações desse produto, o que deve representar uma perda estimada em R$ 1,1 bilhão para a indústria brasileira de suco de laranja.
Mas o que isso significa, na prática, para o produtor rural e para a cadeia produtiva da laranja?
Um Golpe Direto na Maior Rota de Exportação
O Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja — cerca de 75% do suco de laranja exportado para o mundo é brasileiro, sendo os Estados Unidos e a Europa os maiores destinos, com os americanos representando 37% das exportações, segundo dados oficiais. A nova tarifa imposta pelo governo norte-americano encarece o produto brasileiro lá fora, tornando-o menos competitivo em comparação com os sucos de outros países ou até com o suco local produzido nos EUA.
Esse tipo de barreira comercial funciona como um freio nas exportações. O resultado imediato é a redução da margem de lucro, tanto das indústrias quanto dos pequenos e médios produtores integrados à cadeia.
Quem Mais Sofre com Isso?
Embora as grandes indústrias como Cutrale e Citrosuco tenham maior capacidade de negociação e adaptação, os pequenos produtores e cooperativas sentem o impacto de forma mais aguda. Isso porque:
– A indústria tende a reduzir os preços pagos pela laranja in natura, compensando a queda nas exportações;
– Pode haver menor volume de compra da safra futura, reduzindo a demanda;
– A incerteza do mercado leva à redução de investimentos em renovação de pomares, insumos e até contratação de mão de obra.
Em resumo, o risco não é só financeiro, mas também social, com possibilidade de aumento do desemprego e retração econômica em regiões citrícolas, especialmente no interior de São Paulo.
E Agora, o Que Fazer?
Apesar do baque inicial, existem caminhos possíveis para adaptação e reação:
Perspectivas
O setor citrícola brasileiro é resiliente. Já enfrentou surtos de doenças como o greening, secas severas e outras barreiras comerciais ao longo das décadas. O “tarifaço” de Trump é mais uma tempestade, sim, mas também pode ser o estopim para inovações e transformações importantes.
O que fica claro é que o produtor precisa estar bem-informado, bem-orientado juridicamente e preparado para lidar com esse novo cenário global. Nosso escritório está atento, mobilizado e pronto para auxiliar todos os envolvidos na cadeia da laranja, seja na proteção legal, no planejamento estratégico ou na defesa dos seus interesses frente aos impactos dessa política comercial internacional.
Rocha Mazzo – Advogados
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EM TEMPO:
Logo após a divulgação do tarifaço, o governo dos Estados Unidos recuou parcialmente. O presidente Donald Trump anunciou, em 9 de abril de 2025, a suspensão provisória das tarifas mais pesadas por um período de 90 dias. Durante esse prazo, a taxação sobre o suco de laranja brasileiro foi reduzida de 25% para 10%.
Essa trégua temporária, no entanto, não representa o fim da tensão. Trata-se de uma espécie de “guerra fria comercial”, onde novas mudanças podem ocorrer a qualquer momento. Por isso, o produtor rural e os profissionais da cadeia da laranja devem se manter atentos.