Por Pedro Dias da Costa Rocha
09/03/2025
A participação das mulheres no agronegócio tem se expandido gradativamente. De acordo com o Censo Agropecuário do IBGE (2017), 947 mil mulheres lideram estabelecimentos rurais no Brasil, o que corresponde a 19% do total. Além disso, esse crescimento também se reflete nos bastidores do setor, com uma maior atuação feminina em pesquisas e no desenvolvimento de inovações tecnológicas para o campo.
O perfil dessas gestoras é mais jovem comparando-se aos homens. Cerca de 30% delas têm menos de 35 anos. Nessa faixa etária, o grupo masculino é de 24,3%. O que indica uma possibilidade de sucessão familiar, com muitas vezes, o infeliz e inesperado falecimento do genitor, porém, o que se mostra, é que as mulheres muitas vezes se preparam e capacitam para os cargos de liderança mais cedo, e com mais base acadêmica e profissional, posto que sofrem com desconfianças no setor, o que gera o efeito de necessidade permanente de, qualificação e preparação para enfrentar as dificuldades diárias inerentes ao cargo, mas também as lutas de uma classe predominantemente masculina.
As mulheres estão à frente de quase um milhão de propriedades rurais no Brasil, de acordo com informações do Observatório das Mulheres Rurais, iniciativa do Sistema de Inteligência Estratégica da Embrapa – Agropensa. Com base nos dados do último censo, se nota um aumento significativo em relação a 2006, quando essa participação era de apenas 12,68%, sendo que hoje se aproxima dos 20%.
A atuação feminina no setor se concentra, em sua maior parte, na pecuária e na criação de animais, que correspondem a 47,6% dos empreendimentos gerenciados por mulheres. Outros 34,4% são voltados para o cultivo de lavouras temporárias. Além disso, há presença feminina na gestão de atividades como produção de lavouras permanentes, horticultura e floricultura, produção florestal, florestas plantadas, aquicultura, pesca e até no segmento de sementes e mudas certificadas.[1][2] No gráfico abaixo, pode se visualizar um comparativo do Brasil em relação a outros países, mostrando que há margem para melhora e crescimento da participação feminina, muito embora, seja um contexto de nível global. O estudo foi feito pela “Food and Agriculture Organization of the United Nations” (FAO) – repartição das Nações Unidas – e restará disponibilizado na íntegra.
Logo, se compreende, que a diferença ainda é significativa, mas que há uma grande margem para equalização desses índices, ainda mais quando se observa o crescimento de aproximadamente 7% em um intervalo de 10 anos, caso o crescimento siga nessa média, a equalização pode ocorrer em aproximadamente 30 anos, o que em termos de história representativa do segmento, não é muito tempo, portanto, uma notícia que escancara um cenário desafiador as mulheres, também nos brinda com um campo fértil e animador em busca da igualdade nos cargos de liderança.
Há ainda que se tratar que conforme dados da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), 71% das mulheres envolvidas no setor agropecuário enfrentam múltiplas tarefas e responsabilidades. Isso ocorre porque, além de assumirem funções na gestão e administração das propriedades rurais, também precisam conciliar demandas da vida pessoal e familiar, incluindo a maternidade, uma das experiências mais significativas da vida.
Portanto, se conclui que as perspectivas sobre o agronegócio visualizado do prisma feminino, é que atualmente o segmento é majoritariamente liderado por homens, mas que em pouco tempo, a balança pode ser melhor equilibrada com a evidente inserção de mulheres em cargo de liderança, o que vem ocorrendo gradativamente ano por ano, podendo-se vislumbrar uma equalização, posto que se tem resultados promissores e efetivos por parte do núcleo feminino apesar das dificuldades enfrentadas, o que as torna, ainda mais brilhantes.